Missionários
Claretianos Brasil

Necrologium Claretianum

Padre Luiz Maria Olabarrieta Luja

17/11/1993 (93 anos)

Taguatinga, Brasília - DF, Brasil

Taguatinga, Brasília - DF, Brasil

Pe. LUIZ MARIA OLABARRIETA LUJA (1993)

                      

Nascimento: 27 de abril de 1900

Localidade: Oquendo, Àlava, Diocese de Victória

Pais: Sr. Casimiro e Sra. Florência

Profissão Religiosa: 15 de agosto de 1917

Ordenação: 14 de junho de 1925

Enviado: 33ª Expedição, em 04 de setembro de 1926

Falecimento: 17 de novembro de 1993, em Taguatinga-DF , 93 anos

                                

Oquendo, cidade da Província de Àlava, Diocese de Victória, Espanha, foi onde nasceu o menino Luiz, aos 27 dias de abril de 1900, com a sina de ser um grande missionário claretiano. Seus pais, o Sr. Casimiro e Dona Florência, faziam parte dos Olabarrieta, família que deu diversos membros para a Congregação e outros institutos religiosos.

Entrou para a Congregação Claretiana, e depois de ter feito as humanidades no Seminário Claretiano, Luiz foi aprovado para o Noviciado. No ano de 1916 fez o Ano de Provação com muito fervor e desejo sincero de santificação, emitindo a Profissão Religiosa, mediante os votos, em 15 de agosto de 1917.

A seguir fez todos os estudos eclesiásticos na Congregação e encerrou a sua carreira, sendo ungido sacerdote do Senhor em 14 de junho de 1925. Permaneceu na Espanha em preparação aos grandes vôos missionários, todo ano de 1925 até o dia de realizar o seu ideal, partindo para terra das missões

No dia 4 de setembro de 1926, chegava a São Paulo, viajando pelo vapor “Alsina” com os companheiros: Padre Raimundo Pujol, Militão Vigueira e o Ir. João Arsuaga, enviados à terra de Santa Cruz.

Como primeiro destino, o Pe. Luiz foi nomeado Prefeito dos pré- postulantes de São Paulo, em substituição ao Pe. Pedro Giol, no dia 23 de janeiro de 1927, sendo Coadjutor o Pe. José Ayais Oliveiras. Estava também encarregado do órgão do Santuário, alternando o toque com o Pe. Ângelo Martim, Superior Provincial, e dos cantos executados pelos pré-postulantes sob a batuta do Pe. Luiz.

Foi transferido para o Seminário Claretiano de Rio Claro, como ministro e, em 1934, à Casa-Mãe de São Paulo, após realizar missões em Campinas, com grande zelo  apostólico. Chegando a São Paulo nos primeiros dias de janeiro, logo empreendeu uma série de trabalhos apostólicos. Em 1935, vêmo-lo como Primeiro Consultor da Casa São Domingos-GO, iniciando a sua verdadeira vida missionária, em Goiás.

No triênio de 1937-1939, foi nomeado Superior da recém- fundada Casa de São Domingos, nessa extensa Paróquia (72.000 habitantes) de gente humilde e de fé simples, dominada, não somente pelas doenças, mas por dois inimigos: a bebedeira e a desonestidade. Começou a sua batalha, sobretudo contra a desonestidade fomentada pelos bailes imorais e, daí as consequências terríveis de infidelidade e vida livre.

Para combater isso em toda a Paróquia, servia-se, nas viagens do seu automóvel sertanejo (como ele dizia), o lombo do burro, viajando nele durante um ano, mais de 1000 léguas.

As armas de que se servia para combatê-los: conselhos, exortações, práticas, sermões, proibições, ameaças, até maldições contra estes focos de corrupção corporal e espiritual. As batalhas para vencer foram as missões e toda a sua estrutura e estratégia.

Não demoraram em vir os triunfos que sempre atribuía a Deus e ao Coração de Maria, bem gloriosos para ambos e bem proveitosos para as almas. Os frutos abundantes logo se colheram: batizados, confissões, casamentos ratificados, crismas, missas aos domingos e, finalmente, tudo o que constitui uma comunidade cristã.

Foram inúmeras as povoações, arraiais, paróquias que obtiveram total transformação. No triênio de 1940 a 1942 continuou como Superior em São Domingos e no triênio seguinte, foi transferido para São José de Tocantins como Superior e Pároco.

Nas proximidades de São José, fundou um povoado, São Luiz do Tocantins. Começado em agosto de 1942, em 1943 já havia 2.600 habitantes, centro e cercanias. Logo Traíras, Amaro Leite, Pilar e outras foram consagradas ao Coração de Maria. A seguir, foi transferido para Niquelândia como Superior. Nesta Paróquia percorreu mais de 6.500 km a cavalo para cuidar de 45.000 almas confiadas àquela Casa.

  Teve que enfrentar protestantes e fez enorme esforço para encontrar com os índios no Morro das Trombas; essa incursão foi infrutífera, mas se deixaram “presentes” para mais atraí-los. Continuou em Niquelândia até o ano de 1951, mas nos últimos anos como Consultor, apenas com possibilidade de maior ação apostólica.

                   Com a divisão das Províncias, o Pe. Luiz permaneceu nas missões de Goiás sendo, na verdade, um dos maiores missionários claretianos desse setor. Muitos da Província Brasileira que com ele conviveram e sentiram o seu fervor e zelo, têm-no no conceito de um santo missionário claretiano. Faleceu aos 17 dias do mês de novembro de 1993. Descanse na Paz do Senhor!

 

[A seguir apresentamos o Necrológio que consta do livro do Padre Teófilo Gomes Sáez (Memória dos Claretianos Falecidos. Delegação Independente do Brasil Central 1954-2003, pp.103-111)]

 

Pe. Luiz Maria Luja Olabarrieta

 

Nascimento: 27 de abril de 1900

 

Localidade: Oquendo, Espanha

 

Pais: Sr. Casimiro e Sra. Florência

 

Profissão Religiosa: 15 de agosto de 1917

 

Ordenação: 14 de junho de 1925

 

Falecimento: 17 de novembro de 1993

 

 

 

                                                       “Clama Fortiter”

 

 

 

Há de ser com essa vigorosa exortação do profeta Isaías:

 

“Clama em alta voz, sem constrangimento; faz soar a tua voz como a corneta”, “Clama fortiter, ne cesses; quase tuba exalta vocem tuam” que pretedemos homenagear a memória do destemido missionário claretiano Pe. Luis Maria Luja Olabarrieta, CMF.

 

O menino Luis Luja Olabarrieta nasceu em Oquendo, pequena povoação da província de Alava, Espanha, no dia 07 de abril de 1900.

 

Foram seus pais: o exemplar casal Sr. Casimiro e Sra. Florência. Recebeu o Santo Batismo no dia seguinte do seu nascimento e aos sete anos fez a Primeira Comunhão.

 

Dócil à voz do Senhor, como o jovem Samuel, o menino Luiz Olabarrieta, ainda pequeno, entrou para o Seminário de Valmaceda, Espanha, onde cursou o ensino fundamental e o médio. Em seguida, ingressou no noviciado emitindo a sua Primeira Profissão Religiosa, em Segóvia, Espanha, no dia 15 de agosto de 1917, quando incluiu ao nome de Luiz o nome de Maria.

 

No vetusto e imponente Colégio de Santo Domingo de la Calzada, Espanha, cursou e concluiu seus estudos de Filosofia e de Teologia, fazendo, ali mesmo, sua Profissão Perpétua, no dia 27 de abril de 1921. Ordenou-se sacerdote em 14 de junho de 1925, e no ano seguinte, 1926 foi destinado pelo Pe. Geral à Província do Brasil.

 

Ao se despedir de seus queridos pais, recebeu deles está bela mensagem de desprendimento e de incentivo missionário:

 

Vai, meu filho, salvar as almas de todos os índios, no céu nos veremos”. “I, fili mi, animas omnium indiorum servaturus. In coelum conveniemos”.

 

Segundo o testemunho de Dom Francisco Prada, CMF, num pequeno opúsculo sobre o Pe. Luiz Maria Olabarrieta, CMF, lê-se:

 

De 1926 a 1935, Pe. Luiz Maria Olabarrieta, CMF, viveu entregue à formação dos missionários brasileiros, primeiramente em Curitiba, PR, na Escola Apostólica e, depois, em Rio Claro, SP, no Colégio de Filosofia. Esse foi para ele um tempo precioso como estágio e preparação para a evangelização na qual tanto haveria de se destacar

 

Efetivamente, uma vez ambientado e superados os obstáculos da língua, Pe. Luiz Maria Olabarrieta adentrou-se por esses brasis à fora experimentando, de imediato, as agruras dos campos missionários nos pagos (pequenas cidades, regiões) goianos, especialmente na Prelazia de São José do Alto Tocantins, GO.

 

Abriu-se-lhe então uma seara imensa, a mesma percorrida antes em lombo de animais por seus antecessores, verdadeiros arautos da fé, destacando-se: Mons. Francisco Ozamiz Costa, CMF, 1926, primeiro Prelado; Dom Florentino Simón Garriga, CMF, segundo Prelado, 1931; Mons. Francisco Prada Carrera, CMF, Administrador Apostólico, 1935 e depois, Bispo de Uruaçu em 1946; e os Padres, Teófilo Quinda, Raimundo Castillón, Eliezer Almuedo, Leopoldo Ripa, Valentim Rodríguez, CMFF, entre outros; sendo todos, inclusive nosso biografado, pioneiros audazes da evangelização naquela inóspitas regiões de São José do Alto Tocantins, Niquelândia, Uruaçu, São Domingos, Posse, Goiânia, e posteriormente, Itapaci e Goianésia.

 

Padre Luiz percorreu e missionou todos esses lugares, porém, a cidade que mais o atraiu foi Posse, GO. Talvez pela piedade do povo e pela cativante simplicidade daqueles sertanejos. O certo é que, levado por zelo apostólico e amor à Congregação, adquiriu por conta própria, e a preço simbólico, 14 alqueires de terras férteis, boas aguadas e quase todas as planas, perto de um pequeno povoado situado entre as cidades de Posse, GO, e Iaciara, GO; onde pretendia construir um seminário para postulantes.

 

Batizou esse recanto com o sugestivo nome de: Claretiânia, em homenagem ao nosso Padre Fundador e Santo Beato Antônio Maria Claret, e edificou bem no centro do povoado uma pequena capela e nela entronizou a imagem do Pe. Fundador, como seu Padroeiro.

 

Nesse ínterim recebeu, em 1953, o comunicado de sua transferência para a comunidade do Méier, RJ.

 

O verdadeiro missionário, rezam nossas Constituições, se conhece pela obediência”. Ainda que, perfeitamente engajado nas lides missionárias daquelas regiões goianas, querido de todos, respeitadíssimo até pelos indivíduos díscolos (mau-educado, agressivo) de outras seitas religiosas, Pe. Luiz Olabarrieta obedeceu pronta, humilde e religiosamente a ordem dos Superiores.

 

Sem a presença do Padre missionário, Claretiânia ficou isolada naquele inóspito sertão, e o terreno destinado ao sonhado seminário foi totalmente invadido e loteado por invasores adventícios.

 

Posteriormente, o Governo Provincial doou-lhes esses lotes e incumbiu à Prefeitura de Iaciara, GO, de regularizar a situação jurídica de cada um.

 

No seu novo destino, Pe. Luiz Maria Olabarrieta encarregou-se do ensino religioso nos diversos Colégios da Paróquia e de auxiliar do Pároco.

 

Simples, educado, sorridente, logo conquistou a simpatia dos paroquianos do Méier que, em demonstração de seu carinho, tributaram-lhe uma digna e merecida homenagem no transcurso de suas Bodas de Ouro sacerdotais em 14 de junho de 1975.

 

Quem é obediente está sempre disponível. Por isso, os Superiores o destinaram outra vez, em 1966, para a casa de Itapeci, GO. Aqui, Pe. Luis Olabarrieta empreendeu duas importantes realizações: a construção, no terreno da comunidade, uma casa para acolher alguns vocacionados à Congregação e, também, a edificação do Santuário da Santíssima Trindade à entrada da cidade.

 

Pe. Luiz Maria Olabarrieta era pau pra toda obra. Assim, em 1984, passou a integrar a comunidade de Goianésia, onde permanecia por poucos dias, pois como missionário itinerante, percorria os lugares mais distantes pregando a Palavra de Deus, fazendo desobrigas, novenas, retiros e promovendo as festas dos Santos Padroeiros, como era de seu feitio, por toda a vasta Niquelândia.

 

Pe. Olabarrieta era, por temperamento, calmo, porém destemido e ativo como demonstrou a luta aberta que travou contra o divórcio e os maus costumes, especialmente em Muquém, GO, por ocasião das romarias.

 

Certa feita, foi ao Congresso Nacional de Brasília, DF, e entregou, pessoalmente em mãos, uma carta antidivorcista ao Senador Nélson Carneiro, ardoroso defensor do divórcio.

 

Segundo o testemunho de Dom Francisco Prada, CMF, Pe. Luiz Olabarrieta também enviou uma missiva nesse mesmo teor, ao rei da Espanha Dom João Carlos. Ei-la:

 

“Receba a mais cordial saudação de um espanhol basco, que trabalha desde o ano de 1926 como missionário nesta grande nação: - O Brasil”.

 

Penso que tenho honrado minha primeira nacionalidade, sem perder a segunda.

 

Ajudo quanto posso, não só espiritualmente, mas também materialmente, em estradas, pontes e em lugares ainda muito falhos de tudo.

 

Nestes últimos anos tenho envidado meus esforços para impedir o avanço do satânico divórcio que produziria a destruição da família.

 

“Discípulo daquele grande formador e defensor da família, Santo Antônio Maria Claret, peço que por motivo algum se imponha tão grande calamidade à nossa querida Espanha, que deve continuar como modelo das nações cristãs”.

 

 

 

1.1  Outros Testemunhos Tomados de “O popular” de Goiânia, GO

 

 

 

1.1.1    De Dom Francisco Prada Carrera, CMF

 

 

 

“Faleceu em Brasília, anteontem, 16 de novembro, Pe. Luiz Maria Olabarrieta CMF. Há poucos anos elaborei um Opúsculo relatando a sua vida.

 

Como ninguém, entre os missionários do Brasil, merecia que sua vida fosse conhecida. Resumindo-a em poucas palavras, foi um santo Missionário. Na Prelazia e Diocese do Alto Tocantins, ele, indiscutivelmente, foi o número um.

 

Muito se falou do milagre operado depois nessa Prelazia e Diocese. Não seria injusto ao afirmar que, a metade do trabalho da moralização e afervoramento das mesmas, se deve aos heróicos esforços do grande missionário Pe. Luiz Maria Olabarrieta. Foram, ao que presumo, 50 os anos que ele residiu ora na Prelazia do Alto Tocantins, depois da diocese.

 

Cinquenta anos de um ininterrupto percorrer tais regiões muitas vezes viajando a pé. Consta-me que em dois desses percursos, foram feitas seis léguas a pé uma para visitar um bairro perto de Uruaçu constituído de protestantes que pretendia atrair para a Igreja, e outro para fazer o casamento de amigados.

 

E já que falo de amigados, foi ele o chefe da cruzada empreendida na Prelazia para acabar com o concubinato que era mancha negra da Prelazia ao ser entregue aos Claretianos. Escrevia o Mons. Ozamis primeiro Prelado: “Aqui o concubinato está na ordem do dia. Cinco (5) anos após, ele fazia o único concubinato desaparecer”.

 

Quero referir alguns casos extraordinários referentes a ele nessa Prelazia.

 

Muito bom músico, inclusive manejando habilmente o harmônio, com voz harmoniosa e forte, rezava missas, recitação do terço resultavam cheios de encanto com os cânticos por ele entoados.

 

As suas missas e rezas dos terços, constituíam os atos principais nas suas visitas às localidades sempre ilustradas de magníficas catequeses.

 

Sou obrigado a abreviar este artigo e contarei algum caso que se deu com ele na evangelização.

 

1)    – Chega, já bem adiantada a noite, a uma paróquia.

 

Ouve o ruído tomado por um animado baile. Pede ao dono da casa que acabe com esse meio de desmoralização. O homem responde: “Pe. Luiz, o senhor trate de sua Igreja; quem deve tratar da minha casa, sou eu”. Muito bem, responde o Pe. Luiz, “então dance, dance toda à noite, pois será a última vez que o senhor dançara”. Meses depois, lhe era cortado um dos pés.

 

2)    – Outro caso: O juiz da Comarca o chama e o ameaça por que ele

 

condenou o casamento civil se, depois, não se fizesse o religioso. O Pe. Luiz lhe disse que está pondo em prática o ensino da Igreja e que se considerava feliz em sofrer até a morte por ensinar a doutrina da Igreja. Inconformado, o Magistrado ordenou a um soldado que o matasse.

 

De fato, o esperou junto de um córrego, e quando levantou o fuzil para atingir o Pe. Luiz, o soldado viu erguer-se no ar um grande crucifixo, fugindo logo do local. Foi o soldado aludido que o contou.

 

3)    – Um certo dia, em Posse, o Pe. Luiz vem a mim pedindo a bênção

 

com a valise na mão e vestindo o guarda-pó.

 

Vai viajar para aonde? Perguntei-lhe. Vou ver se faço o casamento de um amigado, talvez o único que ainda exista na Prelazia. Que é do animal? “Vou a pé daqui a seis léguas, pois não encontrei o animal no pasto”.

 

Espere um pouco, que o almoço deve estar pronto logo. Então meteu a mão na algibeira e mostrou um grande pedaço da rapadura: este é o meu almoço...

 

 

 

Estes são alguns casos interessantes da vida deste Santo Padre.

 

 

 

1.1.2    Carta de Leitor: Padre Olabarrieta

 

 

 

Senhor Editor;

 

Agradeço a fineza desse prestigioso órgão de imprensa que acolheu o meu artigo relatando alguns dados acerca do extraordinário missionário: Padre Luiz Olabarrieta. Desejaria agora acrescentar alguns aspectos que, de forma singular, o caracterizaram.

 

Seja o primeiro com respeito à ordem social. Era coisa notória a sua ação em obras que pudessem beneficiar o bem estar do povo. Entre elas, a abertura de novas estradas. Foi algo que chamou poderosamente a atenção a que vou me referir. No Rio de Janeiro, ele conseguiu do Ministro da Agricultura, a doação de 400 enxadas e 200 machados. Com numerosa turma de trabalhadores. Com numerosa turma de trabalhadores, viveu meses e meses abrindo a estrada, partindo de Posse com rumo a Formosa, correndo por conta dele a manutenção de toda ela. No fim dos trabalhos, pagou aos mesmos, entregando-lhes, a cada um, essas 400 enxadas e 200 machados. Dessa sua preocupação pelo bem-estar material do povo, é testemunho o grande rego aberto por quilômetros para movimentar a célebre usina construída pelo Padre Lasafá em São Domingos, e esta outra obra, por mim testemunhada e à qual quero me referir nos pormenores.

 

No folheto de autoria do mesmo Padre Luiz, “A cruzada salvadora do mundo”, na primeira página está escrito: “Ao Exmo. E Rvmo. D. Francisco Prada Carreira, primeiro Promotor da Estrada Federal BR – 010, por Barro Alto e Padre Bernardo, pedindo-lhe nova intercessão para normalizar o trânsito permanente pela nova ponte do Maranhão, acima da velha Água Quente, no lugar chamado “Estreito de Gramachinho”. Pedindo-lhe também a aprovação deste folheto para ajudar o Santo Padre na sua luta contra o divórcio, subscrevo-me, irmão in Corde Matris, Padre Luiz Maria Olabarrieta”.

 

Outra grande modalidade destacada na sua vida foi à devoção para com a Virgem Santíssima. No mencionado folheto, na coberta posterior, aparece uma foto cobrindo toda a página com um grande crucifixo, diante do seu peito e na mão esquerda, levantando ao alto a pequena imagem de Nossa Senhora da Abadia, com esta inscrição: “Imagem de Nossa Senhora da Abadia de Muquém, Padroeira do Estado de Goiás, e da Cruzada Salvadora do Mundo no braço do seu perpétuo capelão, Padre Luiz Maria Olabarrieta, missionário Filho do Coração de Maria”.

 

 

 

Dom Francisco Prada Carrera

 

Goiânia

 

 

 

Documento histórico bem importante: por tratar-se de Dom Francisco Prada, a caminho dos 101 anos de idade...

 

 

 

1.1.3    Conclusão

 

À primeira vista, essas atitudes do Pe. Luiz Maria Olabarrieta poderiam parecer arroubos missionários com acentuada propensão à imprudência. Contudo, não foi bem assim. A defesa da família cristã, e dos bons costumes e o zelo pelo Reino, refletiram nesses atos e em toda à sua vida, a real vivência da “Definição do Missionário Claretiano”; “Homem que arde em caridade, que abrasa por onde passa; procura por todos os meios inflamar todo o mundo no fogo do divino amor. Nada o detém...” “Hombre que arde em caridade y que abrasa por donde passa; que deseaeficazmente y procura por todos los médios encender a toda el mundo em el fuego del divino amor. Nada le arredra.”

 

Homem de fé profunda, devotadíssimo do Imaculado Coração de Maria, a quem rezava todos os dias o santo Rosário pela conversão dos pecadores, Pe. Luiz Maria Olabarrieta cultivou também com carinho estes dois amores: à divina Eucaristia e à Congregação.

 

Nos idos de 1986, passou a integrar a comunidade de Taguatinga, DF, onde se notabilizou pelo pronto atendimento aos doentes, quer em suas casas, quando solicitado, quer nos hospitais. Missionário fervoroso, jamais se furtava a atender também em confissão os penitentes na Igreja Matriz.

 

Enfim, vergado mais pelos méritos do que pelo peso de seus 93 anos, sua preciosa vida foi se definhando lentamente até que, após 20 dias de prolongada e dolorosa agonia, entregou sua bela alma ao Criador, no dia 17 de novembro de 1993.

 

A missa de corpo presente foi celebrada por Dom Alberto Taveira, D. D. Bispo Auxiliar de Brasília, DF, e concelebrada pelo Pe. Provincial João Batista Megale e mais 14 sacerdotes claretianos e do clero Diocesano.

 

Seus restos mortais foram descansar no campo Santo da Esperança, de Taguatinga, DF, no mausoléu da Congregação.

 

Quão bem lhe ornaria sua tumba, como epitáfio, esta setença de Romain Roland:

 

“Há mortos que estão mais vivos do que os próprios vivos”

 

II y a des morts qui sont plus vivant que les vivants.

 

 

 

Ou então, este belo pensamento de Lucano:

 

“o futuro não o esquecerá jamais”

 

Vivet et a nullo tenebris damnabitur aevo

 

 

 

Efetivamente, por tudo o que o Pe. Luiz Maria Olabarrieta Luja, CMF realizou como missionário claretiano, sua memória permanecerá sempre viva nos Anais da Congregação e nos corações de todos os seus irmãos claretianos da Delegação do Brasil Central. Adeus! Vale! RIP.

 

 

 

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