Missionários
Claretianos Brasil

Necrologium Claretianum

Pe. Victor José Artur Doménech Gandol

15/05/1998 (91 anos)

Goiânia, GO, Brasil

Goiânia, GO, Brasil

Pe. Victor José Artur Doménech Gandol

Nascimento: 09 de março de 1907

Localidade: Llagostera Gerona, Espanha

Pais: Sr. Pedro e Sra. Maria Conceição

Profissão Religiosa: 15 de agosto de 1923

Ordenação: 30 de maio de 1931

Falecimento: 15 de maio de 1998

 

Figura na galeria dos mais eminentes sacerdotes e religiosos da Congregação Claretiana esse virtuoso filho de Claret Pe. Victor Doménech Gandol, CMF, cuja memória será sempre lembrada com carinho e guardada no escrínio dos corações, tal qual “os homens ilustres que foram o ornamento de seu século e cujos nomes a humanidade conserva com orgulho”, como belamante escreveu o filósofo Balmes.

Pe. Victor Gandol não ostentou lauréis de glória neste mundo, mas escreveu seu nome no “Livro da Vida” no outro. Não realizou obras notáveis, contudo, selou sua longa existência com o sinete da fidelidade a Cristo Jesus, à Santa Igreja e à Congregação Claretiana.

Nobre e cortês no relacionamento com seus irmãos de comunidade e com as pessoas de fora; humilde e exemplar na observância comunitária; discreto, firme e responsável no desempenho dos cargos que ocupou e, principalmente, como Vice-Provincial, defendeu com firmeza os direitos da Província na crise financeira administrativa que sobre ela se abateu nos idos de 1963.

Escrever a sua biografia é, por conseguinte, um dever de gratidão e uma maneira singela de homenagear tão exemplar religioso.

O menino Victor Doménech Gandol nasceu no dia 9 de março de 1907 em Llagostera, Girona, Espanha, sendo seus queridos pais o Sr. Pedro e a Sra. Maria Conceição . Com a idade de 11 anos ingressou no Seminário da Congregação, onde cursou o ensino fundamental e médio. Emitiu sua Primeira Profissão no dia 15 de agosto de 1923 e a Perpétua em 10 de março de 1928. De compleição franzina, mas de inteligência aguda, depois de concluir os estudos de Filosofia e Teologia com proficiência, ordenou-se sacerdote em 30 de maio de 1931. Nesse mesmo ano foi destinado à Província do Brasil, tendo pisado, efetivamente, pela primeira vez, estas abençoadas terras de Santa Cruz, no dia 15 de outubro. A partir de então, Pe. Victor passou a exercer o seu ministério apostólico em diversas comunidades paroquiais. Quando da divisão da Província em abril de 1954, Pe. Victor Gandol, que estava adscrito à Comunidade do Méier, Rio de Janeiro, RJ, a partir dessa data, passou a pertencer à Vice-Província do Brasil Central.

Seu itinerário apostólico se iniciou, pois, nesta mesma Casa do Méier, relíquia imortal de tantas tradições cordimarianas, e da clarentianidade de ilustres sacerdotes e de virtuosos Irmãos que aqui mourejaram (Trabalhar com afinco).

Mesmo pertencendo a esta comunidade, Pe. Victor prestou relevantes serviços às Casas de Santa. Tereza, Botafogo e ao Noviciado de Jardim Claret, Mendes, RJ.

Posteriormente, recebeu vários destinos, a saber: Belo Horizonte, MG; Patos de Minas, MG; Goiânia, GO, desempenhando em muitas dessas comunidades as funções de superior, ecônomo local e pároco; além de diretor espiritual de religiosas de várias congregações. De 1963 a 1969 fez parte do Governo Provincial na qualidade de Vice-Provincial.

Em Belo Horizonte, quando Pároco da Basílica de Nossa Senhora de Lourdes, foi alvo de crítica, por ter substituído, por iniciativa própria, a magnífica decoração interna, obra de um decorador austríaco, por uma pintura a óleo, homogênea, corrida, de cor cinza e, sob a alegação de que, “gótico não comporta pintura”; recobriu os lindos símbolos do rosário que ornavam os nichos na parte superior das paredes laterais e os setes dons do Espírito Santo em cima, na cúpula do presbitério. Também retirou o belo púlpito fixo a uma coluna da nave central, defronte ao altar-mor, peça magnífica, toda talhada em madeira de cedro, artisticamente decorada com os ícones dos evangelistas e encimada por um baldaquino ostentando uma pombinha branca, símbolo do Divino Espirito Santo. Por fim, como remate de tamanha insensatez, também substituiu todas as lindíssimas luminárias de cristais por lâmpadas florescentes. Foi uma lástima! Lástima inconcebível em sacerdote inteligente, culto, de formação clássica e que se timbrava de artista! (sic).

Ainda como Pároco, trabalhou no Tribunal Eclesiástico da Arquidiocese de Belo Horizonte; frequentou a Escola de Artes da Capital e realizou “vernissage” de seus quadros, com excelentes resultados, destinando às vocações claretianas o lucro de suas vendas.

Zeloso pelos bens da Congregação, mostrou-se juntamente com o quarto membro do Conselho Provincial, pertinaz opositor às aberrações administrativas que se perpetravam na vigência daquele Governo Provincial. Em reconhecimento, talvez à sua fidelidade, no Capítulo Provincial realizado nessa ocasião, o Pe. Geral o nomeou Presidente da Comissão Administrativa para acompanhar e resolver as situações financeiras pendentes de soluções jurídicas na Justiça de Trabalho.

Depois de prestar valiosos serviços em Patos de Minas, MG, com o encerramento dessa Casa, foi transferido para a Comunidade de Goiânia, GO, onde consumiu suas derradeiras energias no ministério do confessionário, escrevendo crônicas para o “Boletim Notícias” sobre fatos interessantes dos indivíduos da Congregação e, nas horas livres, pintando quadros no seu atelier.

Idoso, alquebrado por insidiosa doença, Padre Victor Gandol suportou com edificante resignação sua longa enfermidade, sempre assistido com extrema dedicação pelo seu verdadeiro anjo tutelar, o bondoso Irmão Benedito Gomes da Silva, CMF.

Com a alma em paz pelo dever cumprido e escudado na promessa do servo bom e fiel, “Euge, serve boné et Fidelis, intra in gaudium Domini tui”, aos 91 anos de idade, entregou ao Criador sua santa alma, no dia 15 de maio de 1998. Descanse em paz, exemplar filho de Claret. RIP.

 

Livros do Necrologium Claretianum

Navegue no Necrologium Claretianum

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31