20/02/1927 (74 anos)
Vic, Espanha
Espanha
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adre RAIMUNDO GENOVER CARRERAS
(Faleceu em Vic no dia 20/02/1927, com 74 anos.)
Nasceu em Seviña, Província de Gerona, a 8 de Dezembro de 1853. Aos oito anos de idade já iniciara seus estudos eclesiásticos e aos 11 anos cursava já o 3º ano de latim. Foi durante todos os anos de Seminário o mais exemplar de todos os Estudantes e nas ciências não brilhou menos, pois obteve, durante todos os seus anos de estudo e em todas as matérias a nota de “Meritissimus Maior”.
Sobre sua entrada na Congregação, ele mesmo deixou escrito: “A carta em que me comunicaram minha admissão no Instituto dos Filhos do Coração de Maria, foi escrita no dia 6 de Maio de 1872 pelo Revmo. Padre Serrat, Secretário da Congregação, e assinada pelo Padre Xifré. Tenho-a guardado todo minha vida e a levo costurada dentro do escapulário, para que me enterrem com ela ao dar sepultura ao meu cadáver. Por isso rogo aos que me assistam naquela hora, que me enterrem com o escapulário posto”.
Admirável exemplo de amor à vocação que recorda São Francisco Xavier levando sempre ao pescoço a fórmula de sua profissão e a assinatura do Superior, Padre Inácio de Loiola.
Terminando o ano de Noviciado, professou no dia 16 de Julho de 1873, sendo logo nomeado professor de latim dos primeiros postulantes da Congregação e teve que esperar três anos para receber o Presbiterato, por falta de idade, ordenando-se com 22 anos e meio.
Naquela época aparecia já verdadeiro modelo de observância regular, silencioso, piedoso, obediente, humilde, fazendo-se pressentir o custódio (Proteção) vigilantíssimo e inflexível da observância regular.
Ordenado sacerdote em 1876, permaneceu na Espanha até 1895, tendo sido várias vezes Superior e dedicando-se sobretudo à pregação de Missões, figurando com honra e destaque entre nossos mais insignes Missionários, herdeiros imediatos de nosso Santo Fundador.
Em 1895, foi designado para Superior da Primeira Expedição de Missionários ao Brasil, novo e dilatado campo que se abria ao zelo de nossa Congregação. Conta-se que, numa ocasião, o Revmo. Padre Xifré ou M. R. Padre Serrat disse ao Exmo. D. Arcoverde: ”Enviamos a V. Excia., para Superior da fundação de São Paulo, um Padre adornado de um espírito muito semelhante ao de São Francisco Xavier”.
Uma vez no Brasil, dedicou-se com toda a robustez de seu espírito apostólico aos ministérios, sobretudo às missões, indo à frente de todos com seu exemplo e procurando, além disso, estabelecer em bases sólidas aquela promissora fundação.
Até 1905 decorrem 10 anos, não diríamos de mais intensos trabalhos, pois o Padre Genover sempre trabalhou intensamente, mas sim claramente fecundos para o desenrolar da Congregação. Como Superior de São Paulo e Visitador do Brasil (1895-1901) fundou a casa de Campinas e deu os primeiros passos para fundar a da Argentina, por ordem do Rvmo. Padre Isaac Burgos, Provincial de Castela, de quem dependiam as fundações americanas. Após o Capítulo Provincial de Castela (1901), foi nomeado Visitador permanente das casas do Chile e do Brasil, levando então a cabo as fundações de Pouso Alegre (Brasil), Buenos Aires, Tucuman, Catamarca, Rosário de Santa Fé (Argentina), Temuco, Coquimbo e Antofagasta (Chile).
Devido a tão notável desenvolvimento, foi em 1904 suprimida a Visitadoria da América e criadas as Províncias do Chile e do Brasil-Argentina e seus primeiros Superiores eleitos em 1905.
Voltou então o Padre Genover à Espanha, onde por espaço de sete anos figura como Consultor Geral da Província de Castela, dedica-se de cheio à pregação apostólica e empreende, por ordem do Governo Geral, viagens de exploração com o intuito de fundações na Inglaterra, Alemanha, Austria e Dalmácia. Levou seu apoio e orientações a nossos Padres de Portugal, Itália e Fernando Poo.
Em 1912, suprimidos os Consultores Gerais de Províncias, após breve estância em Barcelona como Superior, foi novamente destinado para o Brasil, para onde veio como segundo Superior Quase-Provincial, sucedendo ao saudoso Padre Joaquim Bestué. Durante seu governo, fundam-se as novas casas de Santos, São Vicente e Ribeirão Preto. Em 1918-1920 foi Superior de Santos e em 1920-1922 de São Paulo, cessando neste cargo após o Capítulo Geral de 1922, ao qual assistiu especialmente chamado pelo Governo Geral, apesar de suas humildes resistências. Após o Capítulo, ficou já na Espanha até sua morte, em 20 de Fevereiro de 1927. Foi ainda Superior do “Piso”, em Barcelona, 1922-1925.
Conservou sempre grande amor à Província Brasileira e quando em 1926 celebrou suas bodas de ouro sacerdotais, em carta ao Rvmo. Padre José Domingo manifesta-lhe os desejos de terminar seus dias no Brasil, “porque era sua Província”, como deixou escrito em seus apontamentos; Província do Brasil e incardinado à de Catalunha.
Suas virtudes. – Sobre o fundo de caráter varonil, enérgico, ativo, empreendedor, constante, prudente e equilibrado, brilham suas virtudes religiosas, um pouco austeras, e que em ocasiões talvez o tornaram algo rígido demais com alguns súditos. A laboriosidade era nele quase obsessão, não perdia um instante, orava muito, pregava, escrevia, estudava ou se dedicava aos trabalhos manuais. Caráter inquebrantável perante dificuldades e perigos e heroicamente paciente e humilde nas contradições domésticas e estranhas, que não lhe faltaram, e mesmo em certas prevenções e desconfianças que N. Senhor permitiu, em alguma ocasião, por parte de seu Superior. Notabilíssimo seu zelo pela salvação das almas, sua vigilância contínua pela observância das Santas Regras, a abnegação de si mesmo, o espírito de austera mortificação de seu corpo (levantava-se sempre às 3 horas, não tomava vinho e servia-se parcamente da carne), sua humildade prática e provada, ocupando do mesmo modo os cargos mais relevantes ou os que o deixaram em segunda linha.
Ao comemorar seus 50 anos de existência, a Província Brasileira considera certamente como o mais fúlgido brilhante de sua coroa o extraordinário Padre Raimundo Genover, coluna incomovível (inquebrantável)de observância, sacerdote modelo e exemplar missionário, apóstolo infatigável que não cessou um instante, no espaço de 55 anos, de trabalhar pela glória de Deus, bem das almas e prestígio de sua amada Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria.