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Necrologium Claretianum

Irmão Francisco Júlio Pires

15/03/1950 (40 anos)

Guarulhos, SP, Brasil

Guarulhos, SP, Brasil

Ir. FRANCISCO JÚLIO PIRES (1950) 

Nascimento: 24 de julho de 1910

Localidade:: Barbacena - Diocese de Mariana

Pais: Sr. Miguel e Sra. Umbelina

Profissão Religiosa: 16 de julho de 1942

Falecimento:15 de março de 1950, Guarulhos, SP, 40 anos 

O Ir. Francisco Júlio Pires nasceu em Barbacena-MG aos 24 de julho de 1910. A sobriedade, austeridade, amor ao trabalho, espiritualidade, consciência do dever, a timidez, qualidades psicológicas próprias de um filho de Minas, tudo contribuindo à construção do edifício da santidade no Ir. Pires.

O primeiro ideal que lhe sorriu na vida até à entrada na Congregação, foi o sacerdócio. Queria ser padre. Cenas das mais típicas concretizavam esse ideal. Com a sua irmã Maria, improvisava procissões, erguia altares, celebrava “missa” e até pregava.

Resumindo: brincava de padre. Voltando de uma visita a Jesus Sacramentado, segredou um dia aos ouvidos de Da. Umbelina: “Mamãe, eu tenho em Deus que hei de acabar a minha vida, sendo padre”. Assim escreveu o seu pai, Sr. Miguel Pires.

Parece que não freqüentou grupo escolar. Do contrário, quem sabe teria visto realizar-se seu belo sonho!!! Desígnios de Deus. Entrou para a Conferência de São Vicente de Paulo e para a Adoração Noturna, ainda jovem. Pouco depois, tomava parte na “Liga Jesus Maria e Josée recebia a fita azul de Congregado Mariano.

Fiel aos seus deveres, não perdia as reuniões, visitava os pobres, os doentes, fazia a sua adoração, cumpria, numa palavra, todos os estatutos desses diversos sodalícios. Não teve más companhias. Seu círculo de amizades era de parentes, de padres e seminaristas em férias. Morando na cidade, comungava quase diariamente, apesar do sacrifício que isso supunha, pois, tinha que ir bem cedo e voltar correndo para que também a mãe pudesse assistir missa.

Em casa desempenhava todos os afazeres domésticos, embora com muito trabalho, estava sempre alegre e satisfeito, conformando-se sempre com a vontade de Deus. Resignação classificada como característica de sua espiritualidade, e que, mais tarde lhe foi necessária na vida cheia de cruzes, que Nosso Senhor reserva aos seus amigos prediletos. “Estava sempre em companhia de Jesus Sacramentado. Visitava o Santíssimo Sacramento e fazia a sua adoração”. Assim atesta o Sr. Miguel Júlio Pires.

Freqüentou o Colégio Franciscano de Divinópolis e lá esteve um ano. O clima quente, foi-lhe adverso. Transferiu-se para Belo Horizonte, onde esteve empregado numa pensão. Os donos da pensão, ficavam admirados com a sua virtude. Aconselhou-se com Superior da Comunidade, o Revmo. Pe. Militão Viguera. O mundo não era feito para ele e resolveu entrar para a Congregação.

Foi para Guarulhos-SP e lá fez o Noviciado, começando-o aos 15 de julho de 1941. Ano de paz! De fervor! De bênção! E na Festividade de N. Sra. do Carmo, em 1942, consagrava-se totalmente ao serviço de Deus e do Coração de Maria. Filho do Imaculado Coração de Maria!  Foi no dia do “Nunc Dimittis” para o bom Irmão.

Os dois destinos que a obediência lhe indicou, foram Esteio e Curitiba. Esteioaté 1946. Curitiba de 1946 a 1949. Daqui, partiu para o Sanatório Padre Bento de Gopouva, Guarulhos, onde passou os últimos anos de sua vida.

Neste período é que nele fulgiram as mais esplêndidas virtudes, como a piedade, simplicidade e laboriosidade.

Era edificante contemplá-lo ajudando a missa ou rezando o terço ou recitando outra qualquer oração. Inspirava fervor. Reconheceram-no nele piedosas pessoas que freqüentaram o Santuário. Nas conversas transparecia o desvotamento filial à Mãe do Céu e resignação à vontade de Deus. Nos seus trabalhos era típico nele cantarolar baixinho cantos à N. Sra. e ao Santíssimo Sacramento O programa para a noite era: ler as Regras; os conselhos do Padre Mestre e apontamentos do Noviciado. Depois rezar.

A simplicidade era como o constitutivo natural. Não se dava importância. Cumpria o dever e não se incomodava com o mais. Sabia dizer: “Somos servos inúteis”. Tudo para ele estava bom e nada lhe faltava. Não sabia ficar sem fazer nada e dizia: “A Congregação tem feito tanto para mim”! “Agora é preciso que eu trabalhe muito também”. Com a vassoura varria os corredores da casa, lavava quartos, limpava vidraças. Tudo ficava limpo. É preciso ter o espírito de limpeza e de trabalho.

 Assim passaram os 6 anos de votos temporais. Aos 16 de julho de 1948 professou perpetuamente. Esta alegria, fazia-o esquecer todos os sacrifícios passados e preparava-os para as cruzes futuras, para a grande prova de sua vida.

Em outubro de 1949 partia para Gopouva. Foi para o Sanatório Padre Bento. Soube oscular com amor e alegria a mão que o provava. O choque, ao saber da moléstia que o acometera (lepra tuberculóide) foi terrível.

Para o Irmão estava tudo perdido e a doença era um castigo de Deus! Foi difícil convencê-lo do contrário. Soube, contudo, conformar-se com a vontade de Deus e por si mesmo, evitou todo o contato com a comunidade, levando tudo o que era do seu uso. Sua doença, no entanto, não era contagiosa. Poderia ser tratada em casa.

No Sanatório foi sempre atendido pelos padres de Guarulhos. Sentia o carinho da Mãe Congregação. Ao Capelão que lhe dizia que não fizesse sacrifício de ouvir missa todos os dias, disse: “A gente precisa fazer penitência, Padre”.

Seu quarto era um centro de piedade e paz. Aí reunia os doentes para rezarem juntos o terço de N. Sra. Assim podia ele exercer um apostolado frutuoso, que não deixava de ser eficaz e meritório. Perguntado pelo Capelão como ia, respondeu: “Padre, estou me preparando para o chamado de Deus”. Não se queixava por nada, apesar dos sofrimentos que o atormentavam, o que levou o médico a afirmar: “Tenho visto muitos religiosos, mas como este, nenhum”.

Era apreciado por todos. Apesar de sua simplicidade, ou precisamente por ela, soube granjear amor, respeito, veneração.

Assim falou o Capelão a seu respeito: “Sua piedade e conformidade influenciaram decisivamente na conduta de outros doentes”.

De modo que a estadia dele no Sanatório, foi uma bênção de Deus. Mas o esgotamento geral do organismo não cooperava com a medicina. Tornou-a ineficaz.

Dia 14 de março perdeu por completo o uso da fala e da percepção e no dia 15 de março de 1950, o Ir. Pires exalava o seu último suspiro. Ia receber no céu o prêmio que nossa Mãe reserva aos Filhos do Coração Imaculado. Fez-se o velório e, em suas mãos entrelaçaram o terço de N. Sra. e o cordão da Liga Jesus, Maria e José, a seu pedido.

Celebradas duas missas por sua alma, saiu o préstito fúnebre e os doentes carregaram o seu caixão até a saída do Sanatório.

Às 9h30, cantando solene responso e estando presente a comunidade de Guarulhos, deu-se o sepultamento do Ir. Francisco Júlio Pires. É o primeiro Filho do Imaculado Coração de Maria que repousa naquele Campo Santo de Guarulhos.

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