Missionários
Claretianos Brasil

Necrologium Claretianum

Pe. José de Almeida Penalva

20/02/2002 (78 anos)

Curitiba, PR, Brasil

Curitiba, PR, Brasil

Pe. José de Almeida Penalva, CMF

Nascimento: 15 de maio de 1924

Localidade: Campinas – SP – Dioc. De Campinas

Pais: Sr. Antônio e Sra. Lucília

Profissão Religiosa: 02 de fevereiro de 1942

Ordenação: 20 de novembro de 1949

Falecimento: 20 de outubro de 2002, em Curitiba- PR.

 

 

José de Almeida Penalva, o Padre Penalva, como nós o chamávamos, nasceu em Campinas – SP, no dia 15/05/1924. Seus pais, Antônio Penalva e Lucília de Almeida Penalva, eram cristãos piedosos e participantes de nossa antiga Igreja do Rosário de Campinas. O germen de sua vocação é ele mesmo quem gostava de dizer: “Com apenas alguns dias de vida minha mãe, Lucília, levou-me a Igreja do Rosário, onde o claretiano Padre Modesto Bestué me consagrou ao Senhor por intermédio de nossa Senhora. Sem dúvida, foi esta a semente de minha vocação”.

Em 1945, entrou no Seminário de Rio Claro, SP. Lá fez os estudos do seminário menor. Em 01/02/1941, foi para Guarulhos – SP, onde fez o ano do Noviciado. Fez sua profissão religiosa em Guarulhos, no dia 02/02/1942. De Guarulhos foi para Curitiba onde estudou Filosofia e Teologia até 1949. Conforme avançava nos estudos, foi recebendo as chamadas “ordens menores”e, no dia 02/04/1949, Dom Ático Eusébio da Rocha lhe conferiu o diaconato. Em 20/11/1949, com grande alegria, junto a seus familiares e amigos foi ordenado sacerdote.

Recém-ordenado, seu primeiro destino foi Guarulhos para lecionar Filosofia. Neste trabalho ficou até 1954. A partir desta data sua vida foi de enorme atividade de estudos, professor e outros trabalhos, sobretudo no Studium Theologicum, Escola de Belas Artes e no mundo da música. Difícil demais seria descrevê-la. Felizmente entre seus documentos deixados, encontramos um currículo teológico que ele intitulou: “Padre José Penalva por ele mesmo”, escrito em maio de 1994, onde ele sintetiza seus cincoenta anos de vida como teólogo, seus estudos, funções, atividades e seus escritos (apostilas) e livros, que apresentamos na integra: “Estudos”.

Estudos espécificamente teológicos foram realizados no então chamado Colégio Máximo dos Filhos do Imaculado Coração de Maria, hoje, Studium Theologicum de Curitiba, onde já se tinham sido feitos os  três anos regulamentares de Filosofia. A duração do Curso era de 5 anos – de 1945 a 1949. Responsabilizaram pelas principais disciplinas os padres João de Castro Engler (Dogmática), Dom Geraldo Fernandes (Moral e Direito), José Gonzalez (Grego e Exegese), José Narciso dos Santos (Hebráico), Jesus Ballarim (Música Sacra).

Em 1956, fiz estudos de licença ou mestrado sob a guia do Mestre Pe. Nicolas Boer – ex-secretário do Cardeal Mintzenty – na Faculdade N. Senhora da Assunção, em São Paulo, defendendo a tese redigida sob a orientação do Mons. Mascarenhas Roxo.

Nos anos seguintes dediquei-me ao Curso de Láurea  na Universidade Gregoriana de Roma, tendo como principais professores os Pes. Z. Alszeghy, P. Achával, G. Gruchon, E. Dhanis, G. de Broglie e Sebastian Tromp que foi, ao mesmo tempo orientador da tese ”De credibilitate rationali fidei Christianae juxta Gulielmum Alvernum (1191-1249)”, defendida e aprovada a 19 de maio de 1958 com as chancelas dos Pes. Tromp e Dhanis.

O ano letivo de 72-73 passei-o em Roma para uma revisão teológica.

Funções e Atividades

Após três anos de docência de Filosofia, de 1950 a 1952, minha principal responsabilidade foi sempre a de professor de Teologia de 1953 a 1994, quer no Studium Theologicum, quer no Seminário Maior de Curitiba, quer, principalmente, em cursos regulares, quer em cursos especiais. Em decorrência desta posição, foram-me atribuidas funções diversas como Reitor, Vice-Reitor e Decano do Studium Theologicum, Prefeito de Estudos, Perito da Conferência Interprovincial na América Latina, Examinador Pro-Sinodal da Arquidiocese de Curitiba e outras de assessoramento. Participei de diversos Congressos e Semanas de Estudo, sendo um dos organizadores das primeiras Semanas realizadas no Studium Theologicum na década de 60. Por outro lado seria impossível lembrar do número de Conferências e Retiros de Cunho Teológico que tive ocasião de realizar. Marcou-me, entretanto, meu apostolado junto ao Movimento do Diálogo de 1987 a 1992, quer durante as assembléias, quer durante os encontros mensais de fim de semana, quando o sacerdote participa de quinze (15) palestras.

Escritos

Tenho cultivado o hábito de fazer acompanhar os cursos com APOSTILAS, quero lembrar aqui as mais importantes.

-“Problema Theologicum”, 1962, Curitiba.

-“Penitência como Sacramento”, 1969-1975, Curitiba.

-“Cristo, Testemunha Fiel”, 1969, Curitiba

-“A credibilidade racional da Revelção Cristã”, 1970, Curitiba.

-“Problemática da Revelação  e suas tensões”, 1970, Curitiba.

-“Dinamismo e Intencionalidade na Ordem Temporal”, 1970, Curitiba.

-“Penitência”, 1971, Campinas.

-“Introdução teológica ao estudo do aspecto inteletual da fé”, 1970,Curitiba

-“Jesus, sim ou não”, 1978, Batatais, SP.

-“Históricidade dos milagres de Jesus”, 1978, Curitiba.

-“Messias, Filho do Homem, Filho de Deus, Títulos e, convergência”, 1981. Curitiba

-“Milagres de Jesus”, Curitiba.

-“Carismas e Comunidade ”, 1985, Rio Claro, SP.

-“Teologia da Libertação e a Tríplice  verdade sobre Cristo, a Igreja e o Homem nas alocuções de João Paulo II em sua visita ao Brasil de 1980”, 1987, Curitiba.

-“Existência histórica de Jesus à luz da lógica informal”, l980, Curitiba.

 

Livros

-“Concílio e União das Igrejas”,  Curitiba, 1962, pág. 10.

-“O Mundo – Temas e Variações”,  AM Editora, São Paulo, 1977, pág. 58.

-“O Evangelho do Sorriso Segundo João Paulo I”, Paulinas, São Paulo, 1979, pág. 84.

-“Cenas e Poemas de Amor”, Paulinas, São Paulo, 1981, pág.

 70.

-“Os Pés em dois Mundos”, AM Editora, São Paulo, pág. 84.

-“Credibilidade Racional da Fé Cristã Segundo Guilherme de Alvérnia (1191-1249), Educa, Curitiba, 1987, pág. 80.

-“Teologia: Iniciação. Leitura de Paulo”, AM Editora, São Paulo, 1992, pág. 216.

 

Impressos

Passando aos IMPRESSOS divido-os em Colaborações – quase interruptas – com  revistas e jornais como a “Ave- Maria”, “Voz do Paraná” , “Atualidades”, etc.

 

Artigos

 

Escreveu diversos artigos para as revistas: REB, ANUÁRIO CLARETIANO, CADERNOS, RELIGIÃO  DO POVO, EDUCA e REVISTA DO CÍRCULO DE ESTUDOS BANDEIRANTES”.

Padre Penalva, além de grande atividade acadêmica e musical, não deixava de participar da vida da comunidade que pertencia. Era assíduo nas orações, reuniões, retiros e recreios. Sempre alegre, cordial e sensível, frutos de seu temperamento otimista. Sua vida foi cercada de amigos e admiradores. Gostava de celebrar suas missas na igreja paroquial, onde enriquecia seus ouvintes com sua pregação da Palavra de Deus. Piedoso e fiel, era comum vê-lo pelos corredores da casa rezando a Liturgia das Horas ou seu terço.  Em 1974, celebrou seu Jubileu de Prata sacerdotal. Em 20/11/1999, o Jubileu de Ouro Sacerdotal, cercado de carinho pela Comunidade, familiares e pessoas amigas.

José de Almeida Penalva, o Padre Penalva, ficou conhecido não só como grande teólogo claretiano. Além da vida eclesiástica, dedicou-se de corpo e alma à música. Paralelamente aos estudos teológicos estudou composição, harmonia, contraponto, fuga e canto gregoriano. Também no mundo da música é impossível descrever sua enorme atividade, quer na docência, quer na pesquisa musical. Nesta necrologia apresentamos apenas uma breve resenha do muito que ele produziu e nos deixou.

Pe. Penalva no mundo da música foi professor, compositor, regente e pesquisador. O amor à música, que trouxe da família, ele o desenvolveu na Congregação Claretiana, fazendo estudos em São Paulo com S. de Benedictis e D. Cozela. Enquanto estudava Teologia em Roma, estudou também música na Academia Santa Cecília.

Em Curitiba foi professor na Escola de Música e Belas Artes do Paraná e da PUC, lecionando música contemporânea, fuga e contra-ponto.

Liderou a fundação dos Cursos Internacionais de Música do Paraná, e neles lecionou. Foi sócio-fundador da Sociedade Pró-Música de Curitiba e regente titular do Madrigal Vocale de Curitiba.

Viajou e trabalhou muito pesquisando o barroco mineiro e seus compositores. Publicou em Campinas (1986) o livro “Carlos Gomes, o compositor”, fruto de suas pesquisas. Ganhou por duas vezes Medalha de Prata (1982 – do Museu Lasar Segall, de São Paulo, e 1986 – Da Funarte, Rio de Janeiro).

Foi regente do Teatro Carlos Gomes, em Blumenau, SC e também lecionou na Escola Superior de Música daquela cidade. Deu assídua cooperação para a música do Paraná como membro da Comissão Artística da Orquestra Sinfônica do Estado e membro da ABM, tendo substituído o Padre Jaime Diniz, na cadeira nº 27. Finalmente, deixou obras importantes em música orquestral, música vocal e música instrumental.

O Studium Theologicum em Curitiba está formando um museu e nele criou a “Sala Padre Penalva” em sua homenagem e para salvaguardar o precioso acervo de obras por ele produzidas.

Padre Penalva atuou como professor quatro décadas no Studium Theologicum de Curitiba, na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, e em muitos outros lugares. O teólogo, o professor, o maestro e compositor envelheceu. Com a idade lhe veio o mal de Parkinson, cansaço e outras complicações da idade. Procurou assistência médica. Lutou enquanto pôde para recuperar as forças. Internado no Hospital Cajuru, veio a falecer no dia 20/10/2002, assistido com carinho pelos médicos e pelos seus co-irmãos de Congregação que o confortaram com os Santos Sacramentos.

Padre Penalva foi um grande teólogo, e grande músico. Sobretudo, quis ser, antes de tudo, um sacerdote missionário Filho do Imaculado Coração de Maria que, com seu saber e sua vida, dignificou a Igreja de Curitiba e enalteceu a Congregação Claretiana que tanto amou. Agora, na Liturgia Celeste, inebriado pelas melodias divinas, junto à Virgem Maria, goza das belas e suaves harmonias celestes. Obrigado, Padre Penalva , pelos exemplos que nos deixou.

Descanse em Paz !

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