O Ir. André Balsells nasceu em Bellpuig, Lérida, Diocese de Solsona. Seus pais, o sr. Baltazar e a Sra. Boaventura, foram de sólida piedade, mereceram que Deus infundisse a vocação religiosa a três de seus filhos, que ingressaram em nosso querido Instituto: Ir. André, Pe. Antônio e Ir. Sebastião, nobre mártir do ódio comunista. Tiveram também uma filha religiosa Maria Silvéria e ainda, o Ir. Raimundo Tonijuan, tio dos anteriores, nas fileiras da Congregação.
O Ir. André entrou na Congregação no dia 27 de fevereiro de 1897 aos 18 anos de idade. Foi notável o seu progresso na virtude, durante o noviciado; feita a sua profissão religiosa no dia 11 de abril de 1898, partiu com grande alegria de sua alma, para o seu novo destino o Brasil. Embarcado em Barcelona com os seus companheiros da 2ª Expedição de Claretianos à Terra de Santa Cruz, desembarcou em Santos no dia 18 de maio de 1899.
Dotado de excelentes qualidades morais, intelectuais e físicas, o Ir. André era de regular presença, de caráter sereno e empreendedor, ainda que por temperamento era resoluto e enérgico. Soube, no entanto, durante a sua longa vida religiosa, temperar e orientar seus atos pela mais perfeita submissão aos Superiores, em consequência, nada fazia que não tivesse a bênção e o mérito da obediência.
Sempre cortês e obsequioso, era elemento almejado em qualquer de nossas comunidades do Brasil. Dócil e laborioso, era o descanso dos Superiores, pois todos sabiam que o Ir. André cumpria com perfeição os preceitos e conselhos de nossas Santas Constituições, bem como, os encargos especiais, às vezes de muita responsabilidade, que lhe faziam
Piedoso e amante da joia preciosa que é a virtude angelical, nunca se dispensou dos atos espirituais e eram frequentes suas visitas ao Santíssimo Sacramento e à Mãe Divina. Nunca foi temerário no trato social, observando fielmente o que prescrevem nossas Santas Constituições, ao modo de tratar os meninos e pessoas de outro sexo.
Era constante a vigilância, que exercia sobre si mesmo e sobre os atos de sua vida. Há muitas provas para demonstrar que eram bem aproveitados pelo Ir. André, os exames de consciência e bem meditados e cumpridos os capítulos das Constituições que se referem aos irmãos missionários. Sua mortificação estava aliada à sua pobreza. Não era mesquinho com a comunidade, mas amante da prática da pobreza, usando de oportunas diligências, para fazer economias em todos os setores da administração ao seu cargo. Muito espontâneo, brotavam-lhe da alma esses recursos com que na vida religiosa devemos dar contínuas provas de que somos realmente imitadores de Jesus Cristo pobre.
Ele que, tão poderosamente, contribuiu para o aumento das economias da Província, não se permitia qualquer regalia ou desviar um ponto do que os grandes fundadores consideram o ponto central que regula a boa marcha das comunidades observantes: a pobreza da vida comum. Em casa ou em viagens, resplandeceu sempre no Ir. André o amor à pobreza. Nada supérfluo, nem objeto precioso reservou para o seu uso e, todos que com ele conviveram, atestam a pobreza absoluta que foi o melhor adorno do seu quarto até a hora da morte.
Corriam os últimos meses de 1910, quando, do Superior Maior da Quase-Província, recebeu o diligente Ir. André a incumbência de preparar a Fundação de Belo Horizonte, alugando, à Rua Aimorés, a casa para a primeira comunidade. Nas horas difíceis em que adaptaram as fundações de Campinas (1899) e de Santos (1915), lá estava o bom Ir. André com o seu otimismo e suas iniciativas.
São Paulo, Rio de Janeiro, Santos foram os cenários da atuação intensa, durante 50 anos deste excelente religioso, Irmão Missionário que, desde a sua chegada ao Brasil, se identificou perfeitamente ao meio ambiente e compreendeu nitidamente as suas responsabilidades
O Ir. André trabalhou durante muitos anos como propagandista da Ave Maria nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, suportando, alegre, as inclemências do tempo, as incomodidades das viagens, as dificuldades de hospedagens, alimentação e outras vicissitudes.
Também foi admirável o tino, prudência e bom critério do incansável Irmão à frente da Livraria Ave–Maria na Central da Província. Era com a mesma solicitude que atendia ao movimento dos contínuos visitantes e compradores, bem como aos múltiplos pedidos de fora. Para todos tinha uma atenção, uma palavra amiga e a ninguém deixava mal satisfeito.
Pesadas poderiam parecer tão contínuas e desgastantes cargas como as que os Superiores puseram nas mãos hábeis do Ir. André, entretanto, é de se observar que ele sempre foi homem de vida interior. Todo o seu sistema de atividades girava em torno do sol da obediência. Não queria gastar inutilmente suas energias, por isso o seu motivo foi sempre agradar a Deus, com docilidade e obediência onímodo (Irrestrita) aos Superiores.
A Província preparava-se para cumprimentar ao respeitável Ir. André pelo próximo aniversário quinquagésimo de profissão religiosa, quando no dia três de abril, ele foi obrigado a guardar cama. O médico, seu amigo, declarou logo, que o caso era sumamente delicado. O Irmão compreendeu logo que a divina Mãe o chamava para celebrar no céu a sua festa. Oito dias durou esta enfermidade e, durante esses dias recebeu os Santos Sacramentos com grande piedade e preparou a sua partida para a eternidade.
Os que o assistiam puderam constatar mais uma vez que a morte é o reflexo da vida.