Mensagem à Província Claretiana do Brasil por ocasião da Solenidade
do Imaculado Coração de Maria – 2025
São Paulo, 28 de junho de 2025.
Queridos irmãos da Província Claretiana do Brasil,
No contexto luminoso do Ano Jubilar e da Rota 130, celebramos com alegria a Solenidade do Imaculado Coração de Maria, a quem também invocamos como Mãe da Esperança, título que o Papa Francisco, em junho de 2020, pediu que fosse acrescentado à Ladainha Lauretana, num tempo em que o mundo mergulhava em incertezas profundas.
A vida de Maria é um compêndio de esperança para a fé cristã. Como portadora da promessa feita “a Abraão e à sua descendência” (cf. Lc 1,55), ela abriu, com seu “sim” na Anunciação, as portas do tempo humano ao mistério eterno de Deus. Mesmo sem compreender plenamente o cumprimento das promessas, acolheu o mistério divino e o contemplou em seu coração. Na Cruz, quando parecia que tudo havia fracassado, ela “permaneceu de pé” (Jo 19,25), sinal silencioso de quem confia no mistério, capaz de transcender até mesmo a dor da morte.
Em nossos dias, marcados no contexto internacional por guerras, ameaças nucleares e tensões políticas e comerciais, e em nosso cenário nacional permeado por polarizações, desigualdades, corrupção, violência e tantos outros desafios, somos facilmente tentados ao desânimo. Até mesmo em nossa missão claretiana, quando desafios e contradições se apresentam, podemos sentir o peso das dúvidas. Diante de tantos desafios externos e internos, ao contemplarmos o Coração repleto de esperança de Maria, somos lembrados de sua força silenciosa e da escuta profunda que a sustentava. A palavra do anjo, “Não temas, Maria” (Lc 1,30), ecoa como apelo perene a não nos deixarmos dominar pelo medo nem ceder ao desespero.
Sim, Maria é a mulher da escuta, da acolhida e da espera. Com ela, aprendemos que a esperança é muito mais do que um mero otimismo; é uma atitude de abertura, confiança e entrega ao mistério que nos transcende. O Papa Francisco descreve com beleza essa postura da Mãe:
“Maria não é uma mulher que se deprime face às incertezas da vida, especialmente quando nada parece correr bem. Nem sequer uma mulher que protesta com violência, que se enfurece contra o destino da vida que muitas vezes nos revela um semblante hostil. Ao contrário, é uma mulher que ouve: não vos esqueçais que existe sempre uma grande relação entre a esperança e a escuta, e Maria é uma mulher que ouve. Maria acolhe a existência do modo como se apresenta a nós, com os seus dias felizes, mas também com as suas tragédias que nunca gostaríamos de ter encontrado.” (Audiência Geral, 3 de maio de 2017)
Ao contemplarmos o Coração materno de nossa Mãe, aprendemos que toda verdadeira missão nasce da escuta atenta ao Espírito, da confiança nas promessas divinas e da esperança que nunca decepciona. Que o nosso compromisso missionário neste dia, especialmente ao recordar e celebrar os 130 anos do carisma cordimariano em terras brasileiras, seja renovado pela certeza de que Maria, Peregrina da Esperança, caminha conosco, sustentando-nos com sua presença silenciosa e maternal.
Que o Coração de Maria continue a ser fonte de esperança em nossa peregrinação.
Pe. Eguione Nogueira Ricardo
Superior Provincial
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