Com Claret, somos missionários da esperança
Estimados irmãos, ao celebrar nosso Fundador, espero encontrá-los na alegria da nossa vocação missionária.
No contexto em que a Igreja se prepara para o Jubileu de 2025, o Papa Francisco quis que este ano de 2024 fosse dedicado à oração. Recordar e celebrar nosso Fundador é uma oportunidade para renovarmos o espírito que suscitou nele o ardente zelo apostólico, presente também em nós, para ser sinais vivos de esperança no mundo e intensificar a nossa relação com Deus.
Encontramos no percurso espiritual e apostólico de nosso Fundador a oração como origem e fim de todos os seus projetos, sustentando-o em meio às tribulações e às exigências de seu ministério. O seu modelo foi Jesus, em quem fixou o seu olhar e contemplou-o como um missionário em ação: “De dia pregava e curava os doentes, de noite rezava” (Aut 434). À medida que atingia o pleno auge de sua vida espiritual e apostólica, alimentado diariamente pelo encontro com Deus, Claret falava dos meios, orientações e virtudes que mantinham vivo o fogo do amor de Deus e que o impulsionava a irradiar esse amor por todos os lugares.
Nosso Fundador constatava que, quando se tem a experiência de Cristo no coração, tudo se unifica e se interioriza: “O amor começa por unir e concentrar tudo no interior, de onde se comunica para o exterior, e termina por possuir o homem inteiro. É um fogo que se espalha do centro para todos os lados, conquista tudo e transforma em si tudo o que toca, depois de ter consumido tudo o que se lhe opõe” (EE p. 168).
Não entenderíamos a vida de nosso Fundador, marcada por inúmeros sofrimentos, calúnias, perseguições, e, ao mesmo tempo, ancorada profundamente no amor de Deus e do Coração de Maria, sem a força da oração. O Papa Francisco nos recorda que esta força é o caminho que abre a porta da esperança: “A oração é a primeira força da esperança. Reza-se e a esperança cresce, aumenta. Diria que a oração abre a porta à esperança. Há esperança, mas com a minha prece abro a porta. Porque os homens de oração preservam as verdades básicas; são eles que repetem, antes de tudo a si mesmos e depois aos demais, que esta vida, não obstante todas as suas fadigas e provações, apesar dos seus dias difíceis, está cheia de uma graça da qual se admirar” (Audiência Geral, 20 de maio de 2020).
Sem a oração, perdemos a bússola vocacional, mas quando a cultivamos, a nossa vida e missão se fortalecem, permitindo que o amor de Deus se revele a nós. Claret apresentou isso através de várias imagens. Entre elas, o daguerreótipo. Como nas fotografias de seu tempo, é necessário permanecer um tempo diante da lente do aparelho: “quanto mais tivermos Jesus diante de nosso coração, mais ele se imprimirá em nós, até se tornar aquele selo no coração de que fala a Esposa do Cântico dos Cânticos” (EE p. 606).
A vitalidade missionária que tenho encontrado em diversas comunidades, começa e se renova diariamente pela oração comunitária e pessoal, pelo silêncio acolhedor da graça de Deus, pelo encontro com Aquele que nos chamou a segui- Lo fielmente, semeando a esperança do Reino. Agradeço a todos os missionários que, em diversas partes do Brasil e Moçambique e diante dos inúmeros desafios, são verdadeiros faróis de esperança para aqueles que sofrem, para os que estão desanimados, e para os que ainda não conhecem o amor de Deus.
Que a celebração deste dia nos inspire a continuar o caminho que o Senhor nos confiou como missionários de esperança, anunciando o Evangelho com fervor e perseverança, sempre acompanhados pela oração, que é o sustento da nossa missão. Que a Virgem Maria, que Claret tanto amou e venerou, seja nossa guia e mestra nesta caminhada.
Pe. Eguione Nogueira Ricardo, CMF
Superior Provincial
24 de outubro de 2024