Mensagem de Claret

Estimados irmãos e irmãs!
Em comunhão com a Igreja, que celebra neste mês de outubro o Sínodo em Roma, dirijo-me a vocês com o propósito de refletir sobre a sinodalidade a partir da vida e missão de Santo Antônio Maria Claret.
Em nosso Fundador, a dimensão de uma Igreja sinodal se manifesta através do “fazer com outros”. Esta expressão encontra-se na carta do Padre Claret ao Núncio Apostólico de Madri, em 12 de agosto de 1849, na qual manifestava a sua resistência em aceitar a nomeação para ser Arcebispo em Cuba. Nela, Claret assinala seu o modo de anunciar o Evangelho – com outros!: “Vendo a grande falta que há de pregadores evangélicos e apostólicos em nosso território espanhol; os desejos tão grandes que o povo tem de ouvir a divina palavra e os muitos pedidos de todas as cidades e povos da Espanha para pregar o Evangelho, decidi reunir e preparar a alguns zelosos companheiros e poder fazer com outros o que eu sozinho não posso”.
Claret deixa bem claro, em sua autobiografia, que a Congregação de Missionários recém fundada por ele não era apenas uma equipe de pregadores, mas uma comunidade de vida, plenamente apostólica: “Assim iniciamos e assim continuamos vivendo uma vida perfeitamente comum, todos entregues aos trabalhos do sagrado ministério” (Aut. 491). Ainda que não tenha tido a possibilidade de viver na comunidade de missionários, Claret fez da sua casa episcopal um lugar comunitário. A imagem da colmeia elucida bem esse sentido: “nossa casa era como que uma colmeia: alguns saíam e outros entravam, segundo as tarefas que lhes eram atribuídas, e todos sempre contentes e alegres” (Aut. 608). Era também uma comunidade em que se nutria a vida fraterna: “Todos nos amávamos igualmente uns aos outros” (Aut. 612). Podemos dizer que essa foi uma dimensão essencial de seu ministério e uma dinâmica de ação e nos inspira a fazer o mesmo nos mais diferentes contextos em que estamos.
“Fazer com outros” é muito mais que um slogan para os claretianos, é uma forma de ser e de fazer, é um caminhar juntos em comunhão, participação e missão. É um estilo de vida: ser com outros para os demais. Isso implica, primeiramente, reconhecer, viver e fazer frutificar o intercâmbio de dons, que permite realizar uma vida comunitária participativa e comprometida, sinal do Reino de Deus neste mundo. O ser missionário, como nos ensina nosso Fundador, não é uma realidade em si e para si, antes, é um ser aberto à fraternidade e solidariedade. É importante percorrermos juntos os caminhos da missão cultivando uma autêntica espiritualidade de comunhão, participando plenamente da vida da congregação e da Igreja.
A todos os que bebem da fonte carismática suscitada por Claret, desejo que esta celebração do nosso Fundador esteja impregnada de um verdadeiro ardor missionário, com sabor de Evangelho.
Que Santo Antônio Maria Claret e o Imaculado Coração de Maria intercedam por todos vocês!
Pe Eguione Nogueira Ricardo, CMF
Superior Provincial

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