Pe. Felipe Atucha nasceu em Yurre (Biscaya), filho de família essencialmente cristã. Como vocacionado, entrou na Congregação pelo Postulantado de Valmaceda. Encontrou um pouco de dificuldade em falar o castelhano, mas logo adquiriu facilidade em falar a “Língua de Cervantes”.
Foi para o Noviciado de Segóvia em 1910 e em 31 de agosto de 1911 emitiu a Profissão Religiosa, com viva alegria de ficar pertencendo à Congregação Claretiana.
Depois de fazer Filosofia e Teologia nos nossos Seminários de Beire e São Domingos, foi ordenado sacerdote em 20 de dezembro de 1919, por Dom Mateus Mugica Urrestáraza.
Foi logo destinado ao Brasil e, após breve permanência em São Paulo, a obediência indicou-lhe Campinas. Percorreu localidades, capelas, fazendas em Campinas e Ribeirão Preto e em algumas delas, teve como companheiro o Pe. Inácio Bota. Depois passou para Pouso Alegre, como ministro local. Durante vários anos percorreu a Diocese em visitas pastorais, missões, novenas, festas, retiros como bom missionário claretiano.
Em 27 de fevereiro de 1928, chegava a Porto Alegre-RS. Entrou de cheio no pastoreio das 14 ilhas fronteiras à cidade, pertencentes à Paróquia das Dores. Além das suas saídas apostólicas, foi durante anos confessor ordinário e extraordinário de comunidades de religiosas, dos Irmãos Maristas e Lassalistas. Era o astro que brilhava em sua plenitude. Porém, como aviso do céu, foi internado na Beneficência Portuguesa, durante quarenta dias com febre tifóide. Em 1944, foi vítima de ameaça de ataque cerebral, evitado o desenlace fatal com tratamento oportuno.
Não cabe dúvida de que ao Pe. Felipe Atucha corresponde grande parcela das atividades e sacrifícios na Fundação do seminário e Igreja do Coração de Maria de Esteio – RS, em 11 de fevereiro de 1941. Aos 24 de junho foi criada a Paróquia Coração de Maria de Esteio, com a bênção da pedra fundamental por Dom João Becker e nomeado o primeiro Pároco, o Pe. Felipe, que como tal foi incansável. Aos 12 de maio de 1942, foi constituída a primeira comunidade de Esteio, sendo Superior o Pe. Conrado Sibila e Ministro e Consultor o Pe. Felipe. No dia 19 de março de 1943, Festividade de São José, foi inaugurado o Colégio Seminário de Esteio, sonho dourado do Pe. Felipe.
No triênio de 1943-1945, foi nomeado o Pe. Modesto Bestué Superior e Pároco de Porto Alegre. Ficando seriamente doente, o Governo Provincial viu-se na necessidade de nomear, para substituí-lo, Superior e Pároco o Pe. Felipe Atucha.
Nos dois campos de trabalho, o Pe. Felipe distinguiu-se pelo cunho espiritual, que deu aos atos de Governo, como bom Pároco e Superior. Reformulou em 1948, completamente a Igreja das Dores, de forma a ser escolhida para trono de Jesus Sacramentado, durante os dias do próximo Congresso Eucarístico.
Certamente que a realização do Congresso Eucarístico e o término do Seminário de Esteio, foram o canto de cisne de Pe. Felipe. Desde esses dias gloriosos sua natureza ficou abalada, sua robustez física estava minada e começava a ceder; era o astro aproximando-se do seu ocaso. A olhos vistos, percebia-se seu decaimento físico-moral, que já fazia prever possíveis consequências. O anjo da morte aproximava-se.
No dia 29 de janeiro de 1950, último domingo do mês, após ouvir confissões, recolheu-se ao quarto e pouco antes da missa, teve derrame cerebral. Transportado ao Hospital Pronto Socorro, foram-lhe aplicados os devidos tratamentos podendo depois ficar acamado. Foi visitado por muitos sacerdotes e pelo Sr. Arcebispo Dom Vicente Scherer, ficando o Pe. Felipe, bem agradecido e satisfeito. No entanto, o mal prosseguia e a medicina apresentava-se impotente para deter a doença. Tudo se fizera. Foi só acrescentar a Santa Unção, que lhe foi administrada pelo Capelão do Hospital, Cônego João Carlos Rech.
Veio a falecer no dia 11 de fevereiro de 1950. Entregava, assim, a sua bela alma ao Criador, tendo antes recebido mais uma vez a absolvição sacramental
Às oito horas da manhã do dia 14, Festa de Nossa Senhora de Lourdes, foi celebrada a missa de corpo presente e durante o dia fez-se o velório. Às cinco horas procedeu-se a solene encomendação da alma, cantada pelo coral das Dores e oficiada pelo Monsenhor João Balem, Arcediago do Cabido Metropolitano, rodeado de sacerdotes diocesanos e religiosos.
Antes de descer o corpo à sepultura, a alma do Pe. Felipe foi mais uma vez sufragada com as preces do ritual. O Sr. Manoel, jornalista da cidade, teceu em sua memória, umas palavras de louvores verdadeiramente comovedoras. É ali na terra fria que descansam as cinzas do “Bonus Miles Christi”, esperando o chamado de Deus para a ressurreição universal e a eterna recompensa da alma e do corpo unidos no céu.