PE. FERNANDO MESTRE ARAGONÊS, CMF

Data de Nascimento:

07/06/1875

Falecimento:

Falecimento: 02/11/1960 (85 anos)

Cidade:

Salvador, BA, Brasil

Dosaiguas, povoação da Província de Tarragona, Comarca de Falset foi o lugar onde embalou o berço, em que viu a luz do mundo por vez primeira o Pe. Fernando Mestre. Seus pais, Sr. João Mestre e Sra. Josefa Aragonês, cultivaram bem o rebento do jardim do lar, verdadeiramente cristão, dirigindo para a religião e cultura cristã.

Assim, Fernando sentiu o desejo de servir a Jesus mais de perto, de ser sacerdote. Procurou o Seminário Arquidiocesano, onde alguns missionários clare-tianos lecionavam e cuidavam da direção espiritual do mesmo. Estudava filosofia quando escutou um chamado mais íntimo de Jesus: “Si vis perfectus esse”… Ouvindo a voz do Mestre, deixou o Seminário e se encaminhou para a Universidade de Cervera, a fim de ali formar as fileiras nas hostes cordimarianas. Apesar de certo complexo de inferioridade, foi admitido para o Noviciado na qualidade de estudante.

Deixou, no entanto, o Noviciado por causa da morte do pai, e fim de tratar dos negócios de herança. Resolvidos todos esses problemas, voltou para a Congregação e aos 25 anos fez sua Profissão Religiosa nas mãos do Revmo. Pe. Clemente Serrat, Superior Geral, no dia 03 de novembro de 1901, em Cervera. Aí, depois de cursar Filosofia e Teologia, passou para a cidade calceatense a fim de estudar Direito e Teologia Moral. Ainda em São Domingos, em 1906 galgava os degraus do altar santo, ordenado presbítero por Dom Armengol Coll, Vigário Apostólico de Fernando Póo. No dia 12 de outubro de 1906, desmembrando-se do Colégio Calceatense, os recém-ordenados passaram para Aranda de Duero para fazer o Ano de Perfeição para o Ministério Apostólico e o Pe. Fernando formava parte da primeira turma do Ano de Perfeição.

Aí recebeu o seu primeiro destino: Terra de Santa Cruz… o Brasil. No dia 27 de junho de 1907 partia de Lisboa, rumo ao Brasil e após dias aprazíveis de navegação, precisamente no dia 10 de julho deste mesmo ano chegava ao Rio de Janeiro. Tendo passado o dia da chegada no Rio, à noite, seguiram de trem para Pouso Alegre que era seu destino.

Aconteceu-lhe um transtorno porque estavam sem comer e sem dinheiro para continuar a viagem, visto que em Soledade deviam, pela baldeação, comprar passagem para Pouso Alegre. A providência divina não falha. Um piedoso sacerdote pagou-lhes a comida e as  passagens. Foram festivamente recebidos pela comunidade de Pouso Alegre. Ficou nesta cidade até 1909, aperfeiçoando-se no português.

Já treinado como missionário, passou às terras baianas em 1909. Doravante, ao correr de 13 anos, veremos o Pe. Fernando como bom soldado de Cristo, percorrendo os sertões da Bahia, Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Norte, Ceará, caatingas desérticas, matas virgens, tabuleiro, recôncavo, zonas usineiras, fazendas de cacau, etc. Em nenhuma parte encontrava parada a missão benfazeja do Pe. Fernando Mestre.

Sua saúde parecia de ferro. Nada lhe abalava. O missionário despreza o perigo e aceita os trabalhos. Sua vida sempre está nas mãos de Deus. Assim foi nomeado Superior da comunidade baiana de 1916 a 1919.

Já mais avezado (acostumado) nos trabalhos apostólicos, em 1922 embarca para o Rio de Janeiro, rumando depois para Belo Horizonte, levando conforto e bálsamo às almas necessitadas no perpassar de oito anos, ajudando com esmolas recolhidas, a construção do santuário de Lourdes.  Em 1930 fez seu apostolado na região da Zona das Mata mineira, residindo em nossa Comunidade de Carangola, durante 18 anos sendo como um bom Pastor, guiando a todos pelos caminhos da vida cristã.

Em 1946 voltou para a Bahia. Apesar de já ir adiantado em anos, sempre nele se admiravam as virtudes de um bom religioso, obediência, a santa virtude, sempre recolhido na oração e, portanto, muita piedade. Com o pensamento continuamente voltado para o apostolado.

Os anos iam avançando, pesando e as forças enfraquecendo. Nos últimos anos sua permanência, na Casa de Salvador, de muita atividade, tornara-se trabalhosa para ele e para a Casa.

Mas, a seu pedido, para acabar os seus dias na Bahia, ele não foi levado para outra casa, onde pudesse haver mais conforto. A idade de 85 anos, a diabetes e a arteriosclerose reduziram de tal maneira sua resistência, que, no começo de 1960, não lhe foi possível celebrar o Santo Sacrifício da Missa, embora tivesse vontade e fizesse tentativa para realizá-lo. Não se dava conta mais do que se dizia ou se fazia na sua presença. Em outubro, faltou-lhe o apetite… Em princípios de novembro, amanheceu animado… Últimos lampejos da luz que se apaga…

Pela manhã Pe. Fernando tomou café-com-leite, e às 10h, o Superior entrou em seu quarto e perguntou-lhe se queria um copo-de-leite. “Só depois de celebrar”; foi sua resposta. Foram as últimas palavras ao seu Superior. Na hora do almoço, tomou um pouco de sopa, cinco minutos mais tarde, o Superior, subindo ao seu quarto, deparou-se com um cadáver. Imediatamente, administrou-lhe a Unção dos Enfermos “sub conditione”.

A causa-mortis foi: insuficiência cardio-renal associada à aterosclerose.

Foi sepultado no dia 02 de novembro de 1960 às 17 horas, no Cemitério Quinta-dos-Lázaros com grande acompanhamento, principalmente da Colônia Espanhola.